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quinta-feira, abril 28, 2005

No mar sem hipocampos

Assim que anoiteceu, saiu para pescar. Peixes não, estrelas. Afastous-se da casa, atravessou um campo até o seu limite. Na linha do horizonte, sentado à beira do céu, abriu a caixa das frases poéticas que havia trazido como iscas. Escolheu a mais sonora, prendeu-a firmemente na rebarba luzidia. Depois, pondo-se de cabeça para baixo, lançou a linha no imenso azul, deixando desenrolar todo o molinete. E, paciente, enquanto a Lua avançava sem mover ondas, começou a longa espera de que uma estrela viesse morder o anzol.

(Marina Colasanti)

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